quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Não falo de vinganças nem de perdões; o esquecimento é a única vingança e o único perdão.
Dá o santo aos cães, atira tuas pérolas aos porcos; o que importa é dar.
Nada se edifica sobre a pedra, tudo sobre a areia, mas nosso dever é edificar como se fosse pedra a areia...

(Autor: Jorge Luis Borges em "Fragmentos de um Evangelho Apócrifo", Tradução de Carlos Nejar e Alfredo Jacques).


quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A utopia está lá no horizonte.
Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos.
Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos.
Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei.
Para que serve a utopia?
Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.


Autor: Eduardo Galeano (colaboração: Leonardo Mac Dowell).


segunda-feira, 22 de novembro de 2010

"Já te disse que não sou poeta.
Por que me pede que ti faça uma poesia?
Por que insiste em inspirar-me?
Teus olhos negros e brilhantes iluminam meus dias e acendem a centelha do amar.
Guiam-me para os teus delicados e longos braços como a bússola para o norte.
Alguém já disse que eles são “a porta da alma”.
Os teus, no entanto, são, também, o interior a que leva essa porta.
Quem neles adentra jamais sairá, é um abismo de prazer e devoção.
Teus lábios, além de serem como o “sabre ensanguentado”,
dilaceram por sua doçura e maciez, além de saciarem a sede,
já que são fonte permanente de água cristalina e abundante.
Teu hálito exala o mais suave e inebriante dos perfumes,
mistura de leite, néctar, âmbar e outras essências reunidas numa só,
que me embriaga e faz cativo da exalação desse ópio.
Teu corpo, enfim, é como o abrigo do navegante que foge da tempestade,
seguro, acolhedor, protetor, inesquecível e de onde somente afasta por necessidade,
nunca por prazer. Prazer é ficar.
Por que queres que te faça uma poesia?
Você não precisa de poeta: és métrica e rima.
Em ti a poesia se concretizou."
Manaus-AM, 04.03.00.

(Recebido por e-mail. Desconheço a autoria.)

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

"Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário, os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta. O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estrelar. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.”

Trechos de “Crônicas de amor” – Arnaldo Jabor

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Porque eu sei que é amor
Eu não peço nada em troca
Porque eu sei que é amor
Eu não peço nenhuma prova

Mesmo que você não esteja aqui
O amor está aqui
Agora
Mesmo que você tenha que partir
O amor não há de ir
Embora

Eu sei que é pra sempre
Enquanto durar
E eu peço somente
O que eu puder dar

Porque eu sei que é amor
Sei que cada palavra importa
Porque eu sei que é amor
Sei que só há uma resposta

Mesmo sem porquê eu te trago aqui
O amor está aqui
Comigo
Mesmo sem porquê eu te levo assim
O amor está em mim
Mais vivo

Porque eu sei que é amor...

(Composição: Sérgio Britto e Paulo Miklos)

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Aspiração
Meus dias vão correndo vagarosos
Sem prazer e sem dor, e até aprece
Que o foco interior já desfalece
E vacila com raios duvidosos.
É bela a vida e os anos formosos
E nunca ao peito amante o amor falece...
Mas, se a beleza aqui nos aparece,
Logo outra lembra de mais puros gozos.
Minh'alma, ó Deus!a outros céus aspira:
Se um momento a prendeu mortal beleza,
É pela eterna pátria que suspira...
Porém do pressentir dá-me a certeza,
Dá-me!e sereno, embora a dor me fira,
Eu sempre bendirei esta tristeza!
Autor: Antero de Quental, Antologia, Nova Fronteira, p. 136.

domingo, 17 de outubro de 2010

Quando eu te conheci minha vida mudou pra melhor
Eu voltei a sorrir, um tempo atrás eu tava na pior
Não sei o que eu fiz pra merecer tanto carinho assim
Se hoje estou feliz é porque você esta perto de mim
E não dá pra disfarçar e quem olhar vai perceber que
Eu sou seu e de mais ninguém
Te amo tanto e sinto que me ama também

Nós nascemos um pro outro e não dá pra resistir
Quando tocamos um ao outro amor igual eu nunca vi
Eu fico como se tivesse só voce para pensar
É uma loucura a gente esquece não tem hora e nem
Lugar...

Quando te conheci minha vida mudou para melhor
Eu voltei a sorrir, um tempo atrás eu tava na pior
Não sei o que fiz pra merecer tanto carinho assim
Se hoje estou feliz é porque voce esta perto de mim
E não dá pra disfarçar e quem olhar vai perceber que
Eu sou seu e de mais ninguém
Te amo tanto e sinto que me ama também

Minha vida mudou para melhor..

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

"A melhor maneira de dificultar a vida dos filhos, é facilitá-la para eles".


Por: Eleanor Roosevelt

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Amo noite e dia - música

Int.Jorge e Mateus
Composição: Humberto Teixeira

Tem um pedaço do meu peito bem colado ao teu,
Alguma chave, algum segredo que me prende ao seu,
Um jeito perigoso de me conquistar,
Teu jeito tão gostoso de me abraçar,
Tudo se perde, se transforma, se ninguém te vê.
Eu busco às vezes nos detalhes encontrar você,
O tempo já não passa, só anda pra trás,
Me perco nessa estrada não aguento mais....

Iê, Iê...
Passa o dia, passa a noite tô apaixonado,
Coração no peito sofre sem você do lado,
Dessa vez tudo é real, nada de fantasia...
Saiba que eu te amo...
Amo Noite e Dia....

Tem um pedaço do meu peito bem colado ao teu,
Alguma chave, algum segredo que me prende ao seu,
Um jeito perigoso de me conquistar,
Teu jeito tão gostoso de me abraçar,
Tudo se perde, se transforma, se ninguém te vê.
Eu busco às vezes nos detalhes encontrar você,
O tempo já não passa, só anda pra trás,
Me perco nessa estrada não aguento mais....

Amo Noite e Dia...
Passa o dia, passa a noite tô apaixonado,
Coração no peito sofre sem você do lado,
Dessa vez tudo é real, nada de fantasia...
Saiba que eu te amo...
Amo Noite e Dia..., Amo noite e dia...

terça-feira, 13 de julho de 2010

O destino embaralha as cartas e nós as jogamos.

Arthur Schopenhauer

sábado, 10 de julho de 2010

Ama-se mais o que se conquistou com esforço.


(Aristóteles)

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Último Romance

Eu encontrei quando não quis
Mais procurar o meu amor
E quanto levou foi pr'eu merecer
Antes um mês e eu já não sei

E até quem me vê lendo o jornal
Na fila do pão, sabe que eu te encontrei
E ninguém dirá que é tarde demais
Que é tão diferente assim
Do nosso amor a gente é que sabe, pequena

Ah vai!
Me diz o que é o sufoco que eu te mostro alguém
Afim de te acompanhar
E se o caso for de ir à praia eu levo essa casa numa sacola

Eu encontrei e quis duvidar
Tanto clichê deve não ser
Você me falou pr'eu não me preocupar
Ter fé e ver coragem no amor

E só de te ver eu penso em trocar
A minha TV num jeito de te levar
A qualquer lugar que você queira
E ir onde o vento for
Que pra nós dois
Sair de casa já é se aventurar

Ah vai, me diz o que é o sossego
Que eu te mostro alguém afim de te acompanhar
E se o tempo for te levar
Eu sigo essa hora e pego carona pra te acompanhar



Por: Los Hermanos
Composição: Rodrigo Amarante

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Há tempos



Parece cocaína
Mas é só tristeza
Talvez tua cidade
Muitos temores nascem
Do cansaço e da solidão
Descompasso, desperdício
Herdeiros são agora
Da virtude que perdemos...

Há tempos tive um sonho
Não me lembro, não me lembro...

Tua tristeza é tão exata
E hoje o dia é tão bonito
Já estamos acostumados
A não termos mais nem isso...

Os sonhos vêm e os sonhos vão
E o resto é imperfeito...

Dissestes que se tua voz
Tivesse força igual
À imensa dor que sentes
Teu grito acordaria
Não só a tua casa
Mas a vizinhança inteira...

E há tempos
Nem os santos têm ao certo
A medida da maldade
E há tempos são os jovens
Que adoecem
E há tempos
O encanto está ausente
E há ferrugem nos sorrisos
Só o acaso estende os braços
A quem procura
Abrigo e proteção...

Meu amor!
Disciplina é liberdade
Compaixão é fortaleza
Ter bondade é ter coragem
Lá em casa tem um poço
Mas a água é muito limpa...

Composição: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá

sexta-feira, 25 de junho de 2010

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Entreolhares - Ana Carolina - clipe oficial

Io Che Amo Solo Te

C'è gente che ha avuto mille cose
Tuto il bene, tuto il male del mondo
Io ho avuto solo te
E non ti perderò, io non ti lascerò
Per cercare nuove avventure
C'è gente che ama mille cose
E si perde per le strade del mondo
Io che amo solo te,
Io mi fermerò e ti regalerò
Quel che resta della mia gioventù

(Sérgio Endrigo)

quarta-feira, 23 de junho de 2010

A vida é maravilhosa se não se tem medo dela.

(Charles Chaplin)

quinta-feira, 10 de junho de 2010

quarta-feira, 9 de junho de 2010

"Obrigado por você existir
Por você estar ao meu lado
Nada mais me interessa a não ser essa canção
Obrigado por você me conduzir
Me levar pro teu universo
Mesmo longe me sinto perto"



Música: Obrigado
Por: Cidade Negra
Composição: Toni Garrido / Lazão / Da Gama / Bino Farias

sábado, 5 de junho de 2010

Amor à distância

Eles se conheceram por meio de um site de relacionamento e, apesar da distância entre as cidades - ou países - em que vivem, começaram a namorar. Ou não. Já namoravam, quando apareceu aquela proposta irrecusável de trabalho e um dos dois mudou-se para longe. Pode parecer impossível que relações como essas possam sobreviver, mas muitas vezes sobrevivem - e até crescem na distância. Como? O telefone é o maior aliado dos casais afastados pelas circunstâncias. Não há nada mais gostoso do que, à noite, na cama, conversar muito tempo sobre o que cada um fez, lembrar do último encontro, trocar confidências e fantasias eróticas, falar sobre a saudade. Os mais moderninhos podem até usar as câmeras do computador para se ver reciprocamente. Trocar e-mails também pode ser excitante. E cartas. São gestos de carinho que alegram o parceiro e dão alento à união. Sem falar que há também MSN, Facebook e outros recursos que permitem mandar e receber mensagens ao vivo, de maneira sincronizada, sem ter de esperar muito pela resposta. São verdadeiras conversas virtuais.

A saudade, no fim das contas, funciona como afrodisíaco. A espera pelo dia do próximo encontro torna-se absolutamente excitante. Na véspera, os dois já começam a se preparar, pois querem dar o melhor de si, mostrar atenção, dedicação. Afinal, nada é demais para quem se vê pouco. Cada minuto deve ser vivido intensamente. O sabor é sempre de recomeço, não há rotina, nem cobranças.

Tudo isso alimenta a relação, mas o que conta, mesmo, para que ela se mantenha viva, é a confiança. Um não vê o que o outro anda fazendo, mas precisa confiar. Esse é um bom teste para o futuro. E tem de haver também um projeto, planos para serem realizados a dois. Se não houver, e se a separação for muito longa, é maior o risco de a relação terminar, pois quem garante que um ou outro não se envolverá com alguém mais disponível?

Pessoas muito racionais ou imediatistas têm mais dificuldade para viver um amor assim. Ele exige a capacidade de fantasiar, de sonhar, de acreditar nas ilusões. Exige também força, para aguentar as frustrações, a saudade. Quem experimenta um envolvimento como esse fica dividido. Quando está junto de seu amor vive para ele, sente-se íntimo, acha tudo perfeito! O desejo sempre é forte, o carinho e as conversas não têm fim, os compromissos ficam para depois. Mas com a separação a vida volta ao normal e toda a intimidade parece evaporar! Há uma sensação de vazio, de perda, em cada afastamento, e daí a pessoa começa a viver de saudades e de lembranças, precisa aprender a ficar só e a tirar prazer também da solidão. Se não há segurança, o ciúme toma conta. As fantasias, em vez de serem boas, ganham sabor de perda e traição. O sofrimento torna-se maior do que a alegria dos encontros.

Quem entra num relacionamento a distância não pode se esquecer de que são dois os envolvidos e que o outro também tem de seguir seu caminho, sua viagem pessoal. Se for possível acompanhar, ótimo. Se não, melhor cair fora. Aqueles que dão conta do recado, porém, vivem uma experiência muito interessante, de desapego, de liberdade, de confiança. Como diz o poeta gaúcho Mário Quintana (1906-1994), "tudo vale a pena se a alma não é pequena!"

(Por Leniza Castello Branco, psicóloga e analista junguiana na capital paulista, é membro da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica (SBPA))

sexta-feira, 4 de junho de 2010



Eu não sabia que saudade doía tanto
Dói por dentro e não tem remédio que dê jeito
Um temporal dentro do peito
Saudade do seu toque
Do chamego
Do cheiro no cangote
Ai como dói doído!
Um mar revolto escorre em meu rosto
Encharca a alma e me tira o fôlego
Pra suportar a dor
Me entrego ao som da sanfona
Com os pés no chão e os olhos fechados
Vou ao som da dança
Ai como dói doído!
Mas, não perdi a esperança
Sei que um dia tudo isso
Será apenas lembrança...



(do blog da R.Víctor)

segunda-feira, 31 de maio de 2010

"Os prazeres são para o homem o que o sal e o vinagre são para a salada. Não se ingere sal aos punhados, nem vinagre aos copos."

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), filósofo e escritor francês.

domingo, 30 de maio de 2010

"A gente deve atravessar a vida como quem está gazeando a escola e não como quem vai para a escola."
Mário Quintana

sexta-feira, 21 de maio de 2010

"Há uma diferença entre a bondade passiva e ativa bondade. Este último é, na minha opinião, a doação de seu tempo e energia no alívio da dor e do sofrimento. Implica sair, encontrar e ajudar aqueles que estão sofrendo e em perigo e não apenas em levar uma vida exemplar, de uma pura forma passiva de fazer nada de errado."


(Por Nicolas Winton - britânico que organizou o resgate de cerca de 669 crianças judias na antiga Tchecoslováquia, salvando-as da morte certa nos campos de concentração nazistas antes do início da Segunda Guerra Mundial)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A maior tortura

Na vida, para mim, não há deleite.
Ando a chorar convulsa noite e dia ...
E não tenho uma sombra fugidia
Onde poise a cabeça, onde me deite!
E nem flor de lilás tenho que enfeite
A minha atroz, imensa nostalgia! ...
A minha pobre Mãe tão branca e fria
Deu-me a beber a Mágoa no seu leite!
Poeta, eu sou um cardo desprezado,
A urze que se pisa sob os pés.
Sou, como tu, um riso desgraçado!
Mas a minha tortura inda é maior:
Não ser poeta assim como tu és
Para gritar num verso a minha Dor! ...
Fanatismo
Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida ...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim !
E, olhos postos em ti, digo de rastros :
"Ah ! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus : Princípio e Fim ! ..."
Os versos que te fiz
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer !
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.
Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder ...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer !
Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda ...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz !
Amo-te tanto! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!
Os versos que te fiz
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer !
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.
Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder ...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer !
Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda ...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz !
Amo-te tanto ! E nunca te beijei ...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!
Ambiciosa
Para aqueles fantasmas que passaram,
Vagabundos a quem jurei amar,
Nunca os meus braços lânguidos traçaram
O voo dum gesto para os alcançar ...
Se as minhas mãos em garra se cravaram
Sobre um amor em sangue a palpitar ...
__Quantas panteras bárbaras mataram
Só pelo raro gosto de matar !
Minh’ alma é como a pedra funerária
Erguida na montanha solitária
Interrogando a vibração dos céus !
O amor dum homem ? __Terra tão pisada,
Gota de chuva ao vento baloiçada ...
Um homem ? __Quando eu sonho o amor de um Deus ! ...
Versos de orgulho
O mundo quer-me mal porque ninguém
Tem asas como eu tenho ! Porque Deus
Me fez nascer Princesa entre plebeus
Numa torre de orgulho e de desdém.
Porque o meu Reino fica para além ...
Porque trago no olhar os vastos céus
E os oiros e clarões são todos meus !
Porque eu sou Eu e porque Eu sou Alguém !
O mundo ? O que é o mundo, ó meu Amor ?
__O jardim dos meus versos todo em flor ...
A seara dos teus beijos, pão bendito ...
Meus êxtases, meus sonhos, meus cansaços ...
__São os teus braços dentro dos meus braços,
Via Láctea fechando o Infinito.
Cantigas leva-as o vento...
A lembrança dos teus beijos
Inda na minh'alma existe,
Como um perfume perdido,
Nas folhas dum livro triste.
Perfume tão esquisito
E de tal suavidade,
Que mesmo desapar'cido
Revive numa saudade!


(por Florbela Espanca)

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Uma vez que você tenha experimentado voar, você andará pela terra com seus olhos voltados para céu, pois lá você esteve e para lá você desejará voltar.

(Desconheço a autoria)

terça-feira, 20 de abril de 2010

Sinal de vazio na relação

Se a ideia de sair de casa ou viajar - e passar um tempo só com ele ou com ela -, em lugar de criar excitação, incomoda, é hora de examinar onde a relação encalhou - ou se um dos parceiros está escondendo algo. Claro que às vezes o desânimo se deve à falta de dinheiro e tempo ou ao foco em outras prioridades, mas há várias maneiras de sair do casulo, arejar e ampliar os horizontes a um custo mínimo. Um simples sorvete ou café na esquina, por exemplo, podem proporcionar grande prazer a um casal.

Não há dúvida de que o cotidiano cansa. No lar doce lar encontramos conforto e muitas atrações: além do amor, existe a internet, videogames, livros, música, TV, filmes, sem falar na própria vida do casal e da família. A gente até esquece a rua e suas ofertas sedutoras, e mesmo as viagens, com tantas possibilidades de experiências novas. Porém, às vezes, ainda que não falte dinheiro e a vida da casa não esteja tão animada assim, o casal, ou um dos parceiros, não encontra gás para sair. O que acontece?

Todo casal pode passar por momentos desse tipo, um certo cansaço da cara do outro, um gosto amargo de tédio. Mas é uma sensação provisória. Logo volta o entusiasmo, a vontade de compartilhar emoções, experiências.

Agora, se em nove entre cada dez vezes que a chance de uma viagem ou passeio se apresenta pensamos que será tudo igual ao de sempre, com os mesmos diálogos, as mesmas piadas, é hora de acender a luz amarela: o casal, ou um dos parceiros, seguramente não anda em sua melhor fase.

Reconhecer o fato e conversar sobre ele é a primeira providência acertada: cada um deve expressar seus sentimentos sobre si ou a relação, sem medo e evitando cair na caricatura hoje estigmatizada de "discutir a relação". Também não se deve ceder ao receio a respeito de "onde isso pode dar". Porque uma relação que caminha sem promover de forma hegemônica a felicidade faz mal até à saúde. No futuro, estudos deverão comprovar no casal infeliz a matriz de males físicos, dando razão ao ditado popular que reza ser melhor ficar só do que mal acompanhado. Portanto, nada melhor do que "botar para fora", expressar o que incomoda no momento e o que ficou guardado. Sigmund Freud (1856-1939) se referia à Psicanálise como talking cure - a cura pela fala. Funciona!

Aliás, a propósito de Freud, nunca descobri qual de seus amigos lhe falou que "os histéricos são a flor da humanidade". "Tão estéreis, sem dúvida, mas tão belos quanto as flores". Lembrei-me disso porque nos chamados "histéricos" supõe-se que o sistema nervoso, enquanto em repouso, libera excesso de excitação que exige ser utilizado, por isso, talvez, sejam conhecidos por sua inquietude, sua intolerância à monotonia e ao tédio.

Não pretendo com isso dizer que todos os descontentes no casamento são histéricos! E também não vamos negar outras realidades: às vezes, o casal está com o prazo de validade vencido, mesmo. É difícil e doloroso perceber isso - mas não será pior permanecer em uma união infeliz? É algo a se pensar. Outras variáveis, como crises passageiras, depressões temporárias e as singularidades de cada situação também podem interferir nesse cenário. O certo é que quase todos os casamentos que sobrevivem o fazem superando seus inevitáveis impasses. Mas para superá-los é necessário, antes, encará-los.

(Por Paulo Sternick; psicanalista; ed.858)

sexta-feira, 16 de abril de 2010

"Uma terça parte da vida é anulada numa semimorte, outra gasta em fazer mal a nós mesmos e aos outros e a última esboroa-se na expectativa. Esperamos sempre alguma coisa ou alguém - que vem ou não, que passa ou desilude, que satisfaz ou mata."


(Por Giovanni Papini (1881-1956), escritor italiano)

quinta-feira, 15 de abril de 2010

"Pois o amor não é doce,
pois o bem não é suave,
pois amanhã, como ontem,
é amarga, a liberdade."


Cecília Meireles (1901-1964), poeta

domingo, 11 de abril de 2010

Enquanto lê a coluna

Creio que esta minha coluna é lida em aproximadamente três minutos.
Pois bem: segundo as estatísticas, neste espaço de tempo irão morrer 300 pessoas, e outras 620 nascerão. Talvez eu demore meia hora para escrevê-la: estou concentrado no meu computador, com livros ao meu lado, ideias na cabeça, carros passando lá fora.
Tudo parece absolutamente normal à minha volta. Entretanto, durante esses 30 minutos, três mil pessoas morreram, e 6.200 acabam de ver, pela primeira vez, a luz do mundo.
Onde estarão essas milhares de famílias que apenas começaram a chorar a perda de alguém, ou rir com a chegada de um filho, neto, irmão? Paro e reflito um pouco: talvez muitas dessas mortes estejam chegando ao final de uma longa e dolorosa enfermidade, e certas pessoas estão aliviadas com o Anjo que veio buscá-las.
Além do mais, com toda certeza, centenas dessas crianças que acabam de nascer serão abandonadas no próximo minuto e passarão para a estatística de morte antes que eu termine este texto.
Que coisa. Uma simples estatística, que olhei por acaso — e de repente estou sentindo essas perdas e esses encontros, esses sorrisos e essas lágrimas.
Quantos estão deixando esta vida sozinhos, em seus quartos, sem que ninguém se dê conta do que está acontecendo? Quantos nascerão escondidos, e serão abandonados na porta de asilos ou conventos? Reflito: já fui parte da estatística de nascimentos, e um dia serei incluído no número de mortos.
Que bom: eu tenho plena consciência de que vou morrer. Desde que fiz o Caminho de Santiago, entendi que — embora a vida continue, e sejamos todos eternos — esta existência vai acabar um dia. Mesmo que acreditemos em outras vidas, o que nos foi dado para viver é esse momento de agora.
As pessoas pensam muito pouco na morte. Passam suas vidas preocupadas com verdadeiros absurdos, adiam coisas, deixam de lado momentos importantes. Não arriscam, porque acham que é perigoso. Reclamam muito, mas se acovardam na hora de tomar providências.
Querem que tudo mude, mas elas mesmas se recusam a mudar.
Se pensassem um pouco mais na morte, não deixariam jamais de dar o telefonema que está faltando. Seriam um pouco mais loucas. Não iam ter medo do fim desta encarnação — porque não se pode temer algo que vai acontecer de qualquer jeito.
Os índios dizem: “Hoje é um dia tão bom quanto qualquer outro para deixar este mundo.” E um bruxo comentou certa vez: “Que a morte esteja sempre sentada ao seu lado.
Assim, quando você precisar fazer coisas importantes, ela lhe dará a força e a coragem necessárias.” Espero que você, leitor, tenha chegado até aqui e esteja consciente não apenas das estatísticas, mas de sua missão na Terra. Sim, todos nós cedo ou tarde vamos morrer.
Mas aceitar isso é a melhor maneira de estar preparado para a vida.


(por Paulo Coelho - Página 57 - Revista O Globo, 11/04/2010)

quinta-feira, 8 de abril de 2010

“Que dilúvio, Deus de Noé! (...) a princípio não tive medo: cuidei que eram dessas chuvas que passam logo. Quando porém os elementos se desencadearam deveras, e as ruas ficaram rios, as praças mares, então supus que realmente era o fim dos tempos. As águas entravam pelas casas, outras desciam dos morros, cor de barro...”


Trecho de uma crônica de Machado de Assis publicada em abril em 1895 (resgatada ontem (07) no blog do escritor Affonso Romano de Sant’Anna)

terça-feira, 6 de abril de 2010

"Estamos na era do fast-food e da digestão lenta; do homem grande, de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias."

George Carlin (1937-2008), comediante americano.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

"Quando refletimos sobre a brevidade e a incerteza da vida, quão desprezíveis parecem todos os nossos anseios de felicidade."


David Hume (1711-1776), filósofo escocês.

domingo, 4 de abril de 2010

"Lastima aquele que julga haver encontrado a felicidade. Inveja aquele que a procura e a abandonará, apenas a encontre. A única felicidade consiste em esperar a felicidade."

Musharrif al-Dîn Saadi (1213-1291), poeta persa.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

"Meu pai uma vez me disse que há dois tipos de pessoa: as que fazem o trabalho e as que ficam com os louros. Ele me disse para tentar ficar no primeiro grupo, pois há menos competição lá."

Indira Gandhi (1917-1984), primeira-ministra da Índia de 1966 a 1977 e de 1980 a 1984.

terça-feira, 30 de março de 2010

"Uma mentira são duas degradações; deixamos de nos respeitar porque afirmamos o falso e deixamos de respeitar o outro porque o lançamos em erro."

Eça de Queiroz (1845-1900), escritor português, autor de O Crime do Padre Amaro, entre outras obras.

terça-feira, 9 de março de 2010

Cartas de amor de Gibran

Kahlil Gibran (1883-1931), nascido no Líbano, será lembrado por seu clássico “O profeta”, que, 60 anos depois de sua publicação, continua na lista dos mais vendidos de diversos países.
Em 1995, li sua correspondência amorosa com Mary Haskell, uma americana dez anos mais velha que ele. Ali encontrei um homem complexo e fascinante — o que me incentivou a selecionar alguns textos para publicação (“Cartas de amor do profeta”, Ediouro, fora de circulação infelizmente). Aqui vão alguns fragmentos.

10/3/1912
“Mary, minha adorada Mary, como você pode achar que me está dando mais sofrimento que alegrias? Ninguém sabe direito qual é a fronteira entre a dor e o prazer: muitas vezes eu penso que é impossível separá-los.
Você me dá tanta alegria que chega a doer, e você me causa tanta dor que eu chego a sorrir.”

8/7/1914
“Sempre pensei que, quando alguém nos entende, termina por nos escravizar — já que aceitamos qualquer coisa para sermos compreendidos. No entanto, sua compreensão trouxe-me a paz e a liberdade mais profunda que já experimentei. Nas duas horas de sua visita, você descobriu um ponto negro no meu coração, tocou-o e ele desapareceu para sempre, fazendo com que eu enxergasse minha própria luz.”

18/4/1915
“Os dois dias em que estivemos juntos foram magníficos. Quando falamos sobre o passado, sempre tornamos mais real o presente e o futuro. Por muitos anos, tive pavor de olhar aquilo que vivi, e sofri em silêncio. Hoje entendi que o silêncio nos faz sofrer mais profundamente.
Mas você me faz conversar, e eu descubro as coisas empoeiradas que se escondiam na minha alma, e então posso arrancá-las dali.”

17/7/1915
“Nós dois estamos procurando tocar os limites da nossa existência. Os grandes poetas do passado sempre se entregavam à Vida. Eles não procuravam uma coisa determinada, nem tentavam desvendar segredos: simplesmente permitiam que suas almas fossem arrebatadas pelas emoções. As pessoas estão sempre buscando segurança, e às vezes conseguem: mas a segurança é um fim em si, e a Vida não tem fim. Poetas não são aqueles que escrevem poesia, mas todos os que têm o coração cheio do espírito sagrado do Amor.”

10/5/1916
“Querida Mary, estou enviando uma parábola que terminei. Tenho escrito pouco, e apenas em árabe. Mas gostaria de ouvir suas correções e sugestões sobre este trecho: ‘Na sombra de um templo, meu amigo me apontou um cego. Meu amigo disse: — Este homem é um sábio.
Aproximamos, e perguntei: — Desde quando o senhor é cego? — Desde que nasci.

— Eu sou um astrônomo — comentei.

— Eu também — o cego respondeu.
E, colocando a mão em seu peito, disse: — Passo a vida observando os muitos sóis e estrelas que se movem dentro de mim.’”


(por Paulo Coelho, pág. 57, rev. O Globo, 07/mar/2010)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Sábias palavras

"O jornalismo não é um circo para (o repórter) se exibir, nem um tribunal para julgar, nem uma assessoria para governantes ineptos ou vacilantes, se não um instrumento de informação, uma ferramenta para pensar, para criar, para ajudar o homem em seu eterno combate por uma vida mais digna e menos injusta."

(por Tomás Eloy Martínez)

domingo, 3 de janeiro de 2010

Amigo de si mesmo

"Nosso bem-estar emocional é alcançado com soluções simples, mas poucos levam isso em conta, já que a simplicidade nunca teve cartaz entre os que apreciam uma complicaçãozinha"

Em seu recém-lançado livro “Quem pensas tu que eu sou?”, o psicanalista Abrão Slavutsky reflete sobre a necessidade de conquistar o reconhecimento alheio para que possamos desenvolver nossa autoestima. Mas como sermos percebidos generosamente pelo olhar dos outros? Os ensaios que compõem o livro percorrem vários caminhos para encontrar esta resposta, em capítulos com títulos instigantes como “Se o cigarro de García Marquez falasse”, “Somos todos estranhos” ou “A crueldade é humana”. Mas já no prólogo o autor oferece a primeira pílula de sabedoria. Ele reproduz uma questão levantada e respondida pelo filósofo Sêneca: “Perguntas-me qual foi meu maior progresso? Comecei a ser amigo de mim mesmo.” Como sempre, nosso bem-estar emocional é alcançado com soluções simples, mas poucos levam isso em conta, já que a simplicidade nunca teve muito cartaz entre os que apreciam uma complicaçãozinha. Acreditando que a vida é mais rica no conflito, acabam dispensando esse pó de pirlimpimpim.
Para ser amigo de si mesmo é preciso estar atento a algumas condições do espírito. A primeira aliada da camaradagem é a humildade.
Jamais seremos amigos de nós mesmos se continuarmos a interpretar o papel de Hércules ou de qualquer super-herói invencível.
Encare-se no espelho e pergunte: quem eu penso que sou? E chore, porque você é fraco, erra, se engana, explode, faz bobagem. E aí enxugue as lágrimas e perdoe-se, que é o que bons amigos fazem: perdoam.
Ser amigo de si mesmo passa também pelo bom humor. Como ainda há quem não entenda que sem humor não existe chance de sobrevivência? Já martelei muito nesse assunto, então vou usar as palavras de Abrão Slavutsky: “Para atingir a verdade, é preciso superar a seriedade da certeza.” É uma frase genial. O bem-humorado respeita as certezas, mas as transcende. Só assim o sujeito passa a se divertir com o imponderável da vida e a tolerar suas dificuldades.
Amigar-se consigo também passa pelo que muitos chamam de egoísmo, mas será? Se você faz algo de bom para si próprio estará automaticamente fazendo mal para os outros? Ora. Faça o bem para si e acredite: ninguém vai se chatear com isso. Negue-se a participar de coisas em que não acredita ou que simplesmente o aborrecem. Presenteie-se com boa música, bons livros e boas conversas. Não troque sua paz por encenação. Não faça nada que o desagrade só para agradar aos outros.
Mas seja gentil e educado, isso reforça laços, está incluído no projeto “ser amigo de si mesmo”.
Por fim, pare de pensar. É o melhor conselho que um amigo pode dar a outro: pare de fazer fantasias, sentir-se perseguido, neurotizar relações, comprar briga por besteira, maximizar pequenas chatices, estender discussões, buscar no passado as justificativas para ser do jeito que é, fazendo a linha “sou rebelde porque o mundo quis assim”. Sem essa. O mundo nem estava prestando atenção em você, acorde.
Salve-se dos seus traumas de infância.
Quem não consegue sozinho deve acudir-se com um terapeuta. Só não pode esquecer: sem amizade por si próprio, nunca haverá progresso possível, como bem escreveu Sêneca cerca de dois mil anos atrás. Permanecerá enredado em suas próprias angústias e sendo nada menos que seu pior inimigo.

(por Martha Medeiros, revista Globo, pág. 38, edição do dia 15/nov/2009)

sábado, 2 de janeiro de 2010

"Pensar é o trabalho mais difícil que existe. Talvez por isso tão poucos se dediquem a ele". (Henry Ford)

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Pensamento do dia

"Sábios são os que amam. Tolos são os que tentam entender o amor"

(Desconheço a autoria)